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CIM Organização não governamental, integrada por professoras, pedagoga, profissional da saúde, educadoras popular, biólogas, ativistas e arte educadoras que atuam em eixos interligados de articulação política, produção e divulgação de conhecimentos que dizem respeito à Efetivação dos Direitos da Mulher (civis, políticos, sexuais, reprodutivos, de assitência integral à saúde - PAISM e de erradicação da violência e da discriminação) , do uso e ocupação do solo, da função social da cidade, do meio ambiente, da cultura e arte cidadania, da inclusão digital, do desenvolvimento humano, econômico e sustentável com justiça social, cultura de paz e uma educação não sexista.

22.7.09

LUTA DA MULHER NO 1º DE MAIO, DIA DA CLASSE TRABALHADORA


Há muito em comum entre as datas de oito de março e 1º de maio. Lembram tragédias. Na primeira, 129 operárias foram queimadas numa fábrica e na segunda quatro operários enforcados em Chicago após liderar uma greve. Ambos os movimentos exigem condições dignas de trabalho. O dia da Mulher instituído em 1910 numa Conferência na Dinamarca e o Dia da classe Trabalhadora em 1886 num Congresso Internacional de Trabalhadores em Paris tem como objetivo marcar as datas para reafirmar o compromisso de luta, a resistência dos os direitos conquistados e a solidariedade entre as pessoas e suas causas.

As datas contudo, acabaram perdendo as verdadeiras memórias. Manipuladas pela influência patriarcal na sociedade não lembram mais que além de homens, mulheres também morreram nesses movimentos e que o trabalho feminino era ainda mais aviltante

A história do 1° de Maio apesar de justa e digna não elucida as reais dificuldades das mulheres, nem as traz em sua pauta. O Refrão dos Mártires entoado em Chicago nas greves gerais da época dizia “8 HORAS DE TRABALHO, 8 HORAS DE REPOUSO E 8 HORAS DE EDUCAÇÃO”, mas às mulheres isto não basta. Mesmo com esta conquista perdem o direito ao repouso ou à educação com a dupla jornada, pois mesmo exercendo trabalhos fora do lar a sociedade impunha os cuidados com a casa e com os filhos.

Além disto após a Segunda guerra Mundial os homens reinvidicam seus postos de trabalho ocupados pelas mulheres e para isso é preciso novamente “domesticá-las”. As campanhas pela MULHR DE VERDADE, RAINHA DO LAR E DONA DE CASA são, então, amplamente difundidas. A divisão sexual do trabalho formou-se verticalmente pela concentração de poder e decisão, criação e remuneração do trabalho nas mãos dos homens. As tarefas oferecidas às mulheres estavam sempre ligadas aos afazeres domésticos (cuidar de crianças, limpar, cozinhar, costurar...) ou ainda àquelas que exigiam atributos ditos femininos, como paciência, docilidade e delicadeza. Diferenciar, portanto, remuneração, facilitou a estratégia de devolver as mulheres aos lares ou ainda fazer acreditar que quisessem trabalhar apenas para complementar a renda, ou para ter um dinheirinho a mais. Nunca por considerar o potencial intelectual, criativo e produtivo feminino. Mesmo confinadas ao trabalho doméstico, são consideradas trabalhadoras.

O fato é que quase nada mudou. As mulheres recebem salários menores, precisam estudar mais para exercer a mesma função que os homens, são discriminadas pela função de parir (licença-maternidade, preocupação com os filhos, falta de acesso às creches). Sofrem ainda com a falta de mobilidade de horário e distância, pois a casa/familia são de sua responsabilidade. Sofrem também com a possessividade de seus companheiros entre outros tantos problemas. O dia da Classe Trabalhadora deve ser mais que um feriado, tem de ser um dia de RESISTÊNCIA, REAFIRMAÇÃO E SOLIDARIEDADE, tal como sua origem, para que cada vez mais mulheres possam realmente ter sua condição de ser humano, cidadã e trabalhadora dignificada, exigindo que sindicatos, movimentos, ONGs, partidos e outras organizações debatam e assumam para si a luta pela verdadeira igualdade entre mulheres e homens.

Texto: Silvia Piedade de Moraes

Revisão: Valdir Portásio

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